Uliana Semionova, a gigante que acabou na pobreza

Esta semana dedicamos o nosso texto a Uliana Semionova, a gigante soviética que marcou o basquete como poucos, tanto pela altura como pelas conquistas que conseguiu ao longo da carreira. Apesar de uma carreira lendária, Semionova acabou por não colher a riqueza que merecia, mas venham daí nesta viagem pela carreira da soviética que marcou para sempre o basquete mundial.


Começo de vida

O dia 9 de março de 1952 trouxe-nos o nascimento daquela que viria a ser uma das maiores figuras do basquete mundial, Uliana Semionova nascia na cidade de Medumi, no município de Augšdaugava. Nascia assim na antiga União Soviética a jogadora que mais marcou o basquete nos anos 70 e 80. Uliana nasceu com uma doença rara chamada de acromegalia, que é provocada pelo excesso de hormônio do crescimento e por isso mesmo a sua vida foi marcada pela dor, em especial na adolescência, pois aos 13 anos Semionova já media 1,93 e sofria bastante com dores.

A sua elevada estatura chamou sempre atenção, ela sempre se destacava e obviamente que não foi diferente dos técnicos de basquete da sua região que, vendo sua elevada altura, não perderam tempo e levaram a jovem Uliana Semionova para o basquete.

Carreira brilhante no basquete mundial

Uliana Semionova cedo impressionou, deu o salto para o TTT Daugawa em Riga onde atuou por 17 temporadas, mas muito nova se estreou ao mais alto nível do basquete feminino soviético no ano de 1968, brilhando de imediato e chegando à seleção com apenas 16 anos. Em Riga, nos 17 anos que esteve na equipe venceu 17 campeonatos, 14 Taças da Europa (sendo que 9 delas foram de forma consecutiva) e ainda uma Taça Ronchetti, sem dúvidas é um currículo impressionante que lhe valeu alguns dos registros mais históricos a nível de clubes na Europa e de seleção.

Foto: Reprodução da Internet

Estabeleceu o recorde de pontos por jogo e em uma única partida, com 56 pontos, ainda tem um registo impressionante de apenas uma derrota ao serviço da seleção nos 18 anos em que representou o seu país, conquistando duas medalhas olímpicas, em 1976 nos Jogos de Montreal e ainda em 1980 nos Jogos de Moscovo. Além disso, conquistou 3 Copas do Mundo e 10 Copas da Europa. Depois de 17 anos em Riga, Uliana acabou por fazer os seus últimos anos ao mais alto nível na Espanha e, por fim, na França.

Em 1987, a gigante soviética aterrou em Getafe para assinar pelo Tinterotto, foi uma das transferências mais sonantes do basquete europeu, depois das 17 temporadas todo o mundo queria ver a estrela soviética brilhar em outro solo.

Esta equipa havia sentido problemas, vinham de um rebaixamento e assim que Semionova chegou as coisas mudaram, o impacto foi tão grande que o time passou do fundo da tabela para a discussão pelo título espanhol. Depois da sua estadia no país espanhol, Uliana mudou-se para França, no caso para o Valenciennes, onde terminou a sua carreira em 1989 já com a sua saúde começando a ficar debilitada.

Semionova, tal como aconteceu como outras estrelas dos esportes, foi usada como arma de propaganda. A jogadora, apesar do estatuto de estrela mundial, via o seu salário ficar com o regime soviético que apenas lhe dava 480 dólares por mês e isso impediu que a jogadora conseguisse ter uma vida minimamente boa.

Foto: Reprodução da Internet

Na Espanha, era o presidente e as colegas do Tintoretto que lhe ofereciam presentes e a levavam a bons restaurantes. Na França as coisas pioraram. Os seus problemas de saúde começaram a se manifestar e impossibilitaram que a estrela continuasse a jogar, isto porque a diabetes, doença que havia lutado toda a vida já a impedia de estar muito tempo em pé.

Em 1993, se tornou na primeira jogadora não norte-americana a entrar no Hall da Fama, mas não ficou por aí o seu reconhecimento. Em 1999, foi umas membras que inauguraram o Hall da Fama Feminino e já nos anos 2000 chegou aquela que foi a maior e a última distinção pós-carreira, foi em 2007 e valeu a entrada no Hall da Fama da FIBA (Federação Internacional de Basquetebol).

As dificuldades pós-carreira

Ela acabou regressando a Riga, se dedicou a trabalhar com os mais novos, mas nunca atingiu a riqueza que as suas performances mereciam. Um dos casos mais impressionantes foi quando Uliona não teve dinheiro para uma operação ao cóccix e foi a FIBA que, organizando uma partida beneficente, ajudou a que uma das maiores de sempre conseguisse ter a sua operação.

A sua saúde foi-se deteriorando, ao ponto que nos últimos anos a antiga estrela e arma de propaganda soviética mal se conseguia colocar em pé e já se movimentava com ajuda de muletas e de outras pessoas.


Ficou aqui a história de uma das estrelas maiores do basquete mundial, Uliona Semionova, a jogadora que dominou como poucos no mundo da bola laranja e que, infelizmente, acabou não tendo a vida de estrela que merecia.

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