Na Fórmula 1, nem sempre o melhor piloto define tudo. O automobilismo é um esporte que vende intrinsecamente os carros, é inevitável que o veículo mais completo vença, e para isso é necessário manutenção. Fora dos autódromos, as equipes fazem seus investimentos. Dentro, apostam nos boxes.
Dessa forma, nascem duas competições no mesmo circuito. Uma na pista, outra na garagem, nos polêmicos pit stops. É quando o carro para no box que os mecânicos aceleram tanto quanto seus veículos. Cada milésimo perdido em uma parada, é um ganho para o carro que continuou em movimento.
Sem quatro rodas, talvez somente Lewis Hamilton ganhe, mas é fato que o pit stop é imprescindível em uma corrida. E a pressão por resultados rápidos tornam a troca de pneus uma faca de dois gumes. Por um lado, o piloto pode voltar à pista em três segundos. Por outro, talvez não com o carro inteiro. Tudo isso recai nos mecânicos, que precisam saber o que fazem até de olhos fechados — e rápido, de preferência.
O dia a dia de um mecânico de Fórmula 1

Os atletas treinam corpo e mente para entrarem em um veículo, mas não frequentam a mesma academia que sua equipe. O treinamento de um mecânico se resume aos paddocks, a área antes dos boxes. É lá que começa o trabalho do pit stop, uma semana antes das corridas, desmontando e montando incansavelmente seus carros.
Por pelo menos doze horas por dia, os mecânicos trabalham em detalhes técnicos dos veículos e no exercício de trocas de pneus. É como se vivessem sob os três segundos do pit stop, precisando de bons resultados em pouco tempo até a corrida. Em semanas de rodada tripla, eles mal conseguem uma hora para si. São longos dias de estresse e ”mão na roda.”
Quando velocidade e excelência correm juntos

Pode parecer clubismo, mas quando se fala em pit stop, uma equipe é referência na Fórmula 1 ou pelo menos era até a mudança das regras. Desde efetuar trocas no solo à gravidade zero — exercício que fizeram com ajuda da Agência Espacial Russa — a Red Bull mandou seus pilotos de volta ao circuito em menos de dois segundos sete vezes em dois anos.
Eles definiram o recorde mundial — consecutivamente — no Grand Premium do Brasil, em 2019, amparando o carro de Max Verstappen em 1s82 milésimos. Para Verstappen, o tempo foi valioso, e a Red Bull levou a melhor nessa corrida. A equipe já fez em 1s86 (duas vezes), 1s88, 1s89, 1s90 e 1s91, e briga todo GP para quebrar seu próprio tempo.
Hoje, a FIA exige que o tempo que os mecânicos liberem seus carros seja equivalente ao tempo que um humano completaria o serviço sem ajuda dos equipamentos hidráulicos. Voltar aos dois segundos tornou-se praticamente impossível, ou melhor, sobre-humano, mas todo fã de Fórmula 1 sabe como o automobilismo é milagroso.